quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

a história do meu telemóvel novo ou do azar de um carteirista



Domingo passado fui assaltada por um carteirista no Chiado. Com certeza por um carteirista pouco observador … que não levou mais que uma bela desilusão. A história do azar deste carteirista começou há uns bons meses atrás.

Apesar de ser completamente viciada no telemóvel e adorar cada um que tenho, não consigo ser nada cuidadosa com eles. Compro-lhe bolsinhas mas esqueço-me delas. Deixo-os cair em casa, no chão de azulejos; na rua, na calçada portuguesa ou até mesmo no alcatrão; no balneário do ginásio… são sujeitos a uma tal panóplia de acidentes que não admira que alguns só durem uns meses.

Este meu último e adorado telemóvel já quase tinha sido atropelado uma vez que o deixei cair na estrada quando vinha a passar um carro. Foi por um triz! Mas, apesar de se ter safado com vida, desde aí que ficou com umas rachadelas na parte de trás e a capa da frente soltou-se um pouco no lado direito do ecrã. Essa ligeira abertura entre a capa e o ecrã veio a revelar-se um entretenimento irresistível para enfiar a unha e fazer estalidos. Foi assim que, aos poucos, fui aumentando essa abertura. Até que, uma noite em que o meu Fluffy teve fominha (mas não me conseguiu acordar para lhe encher a tigela, devido ao meu grau de exaustão) vingou-se dos maus tratos a que o sujeito roendo a capa do telemóvel. Claro que fez uso da parte que estava solta e roeu de tal modo que quase a arrancou. Ao acordar, pela manhã, deparei-me com uma espécie de antena do lado direito do telemóvel. Que não durou muito, claro está. Este pequeno pedaço de plástico quase solto prendia-se na mala, na roupa e achei que o melhor mesmo era parti-lo de uma vez por todas. O telemóvel nunca mais recuperou a dignidade. Pelo contrário. Foi adquirindo um aspeto cada vez mais desmazelado. Mas cada vez que pensava em ir a uma loja comprar um telemóvel… mudava de ideias. Pensava “este ainda funciona” ou “tenho tão pouco tempo livre e vou-me enfiar 1 hora numa loja por causa de um telefone”.

Assim, as semanas foram passando sem que eu me desse ao dispêndio de tempo de entrar numa loja de telecomunicações para adquirir um telemóvel com boa cara. Esta situação poder-se-ia ter arrastado durante muitas mais semanas. Mas não! Ficou resolvida de uma vez por todas no domingo, dia 23.

Andava eu a fazer as comprinhas de Natal no Chiado, alegremente cheia de endorfinas por andar às compras, quando senti um movimento na minha mala que levava FECHADA (é raro) e usada à tiracolo que parece ser um modo não só confortável de usar a mala como também muito prático para os carteiristas. Se eu levasse a mala debaixo do braço queria ver como ele se iria arranjar para me meter a mão na mala. Será que teria de recorrer a cócegas na axila?

Ao sentir o tal movimento levei a mão à mala sentindo, de imediato, a falta do adorado aparelho. No meio da multidão que me rodeava não vi ninguém suspeito mas um senhor sentado na montra da stradivarius viu tudo e explicou-me “ele vinha tão coladinho a si que até pensava que viessem juntos. Mas eu vi que lhe enfiou a mão na mala e fugiu com um telemóvel que entregou a um gajo alto que estava aqui encostado à parede!” E eu ouvia-o e pensava para comigo “viu tudo mas nem fez um movimento nem um grito que me chamasse a atenção. NADA! Limitou-se a ficar sentado a ver. Estaria a comer pipocas que agora escondeu para não partilhar?”

A descrição que o senhor observador fez do carteirista foi tão generalista que nem valia a pena olhar em redor “baixinho, cabelo castanho; tinha umas calças azuis e um blusão azul” mas o meu amigo que andava às compras comigo foi acometido de uma vontade súbita e, para mim, inexplicável de o espancar para que não voltasse a fazer o mesmo. Eu deixei-me estar quieta (mas agarrada à mala), a tratar do assunto (telefonei para a tmn e mandei bloquear o cartão) enquanto ele enveredava numa busca infrutífera do carteirista para poder descarregar um pouco o stress. Ainda falei com um polícia, só porque sim, mas claro está que nada se poderia fazer a não ser apresentar queixa na esquadra e perder uma boa hora a fazê-lo.

Ora, esta pessoa que me assaltou sujeitou-se a levar “porrada” de alguém bem maior, tivesse o senhor observador apanhado-o ou o meu amigo. E talvez tenha levado mesmo, do “gajo” alto a quem entregou o fruto do roubo: um telemóvel todo partido e bloqueado logo no minuto seguinte. De certeza que foi um assalto que só deu trabalho e lucro nenhum! E porquê? Provavelmente, porque não estava atento aos pormenores e parece-me que para enveredar pelo lado obscuro da lei seja preciso um espirito atento. Este rapaz, baixinho e vestido de azul, deve ter-se “colado” a alguém que lhe despertou a atenção: uma mulher loira, sorridente, com as bochechas coradas da alegria momentânea das compras e enfiada num vestido vermelho. Ofuscado pelas cores não observou o telemóvel que ela levava na mão: um blackberry branco mas partido! Nem notou o tamanho da mala, mesmo à medida da carteira, pelo que sacá-la lá de dentro não seria tarefa indiscreta. Caso tivesse sido mais observador teria escolhido alguém de aparência mais discreta mas com uma mala fácil de assaltar e um telemóvel em boas condições.

Senhores carteiristas, se querem ter algum futuro nesse modo de vida é bom que se tornem mais atentos. É que da maneira como o país está em crise e a população revoltada, saírem por aí a assaltarem as pessoas assim ao acaso é capaz de se vir a tornar infrutífero e, talvez até, doloroso.

Entretanto, eu estou a ter uma nova experiência no mundo dos gadgets: tenho, pela primeira vez, um telemóvel preto. Veremos o seu grau de resistência!




6 comentários:

  1. Olá Amiga, isto só mesmo contigo ... Mas ele (o carteirista) com certeza viu a menina mais gira a passear no Chiado e pensou, "de certeza que tem um tel XPTO" lol Beijinho e boa sorte com o Novo BB ... Bjs Vitor

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    1. Só comigo? Duvido, Vitor. Imagina quantas pessoas terão sido assaltadas naquela tarde só no Chiado! Provavelmente eu fui a que teve menos azar!
      beijinho

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  2. É verdade... ficou-se pela boa aparência que tens e imaginou que devia ser tudo a condizer.... quem diria que uma moçoila tão bonita seria dona de telelé tão desprezível e bloqueado no minuto seguinte... Mas pelo menos deu-te a oportunidade de seres a feliz dona de um telemóvel novinho para te entreteres. Bjcs Ana, gosto sempre de te ler!

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    1. Huga, leres o meu blogue é para mim um elogio inestimável.

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  3. Já nem os assaltantes têm sorte!
    Este país está de todo!!
    Agora, vamos lá ver quanto tempo dura esse eh eh. Aceitamos apostas.
    Talvez o facto de ser preto dê alguma sorte. Veremos.
    Beijos

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